quinta-feira, 6 de outubro de 2011

HISTÓRIA E CULTURA DOS KAXINAWÁ DA TERRA INDÍGENA COLÔNIA 27


Cacique Assis Kaxinawá

O povo indígena Kaxinawá, que se autodenomina Huni Kui (gente verdadeira), vive                            distribuído em diversas regiões do Estado do Acre e no Peru. Atualmente no Acre os Kaxinawá se encontram distribuídos em 12 (doze) Terras Indígenas localizadas nos Vales do Purus e Juruá, com uma população de aproximadamente 10 mil Huni Kui o que nos torna os povos indígenas mais populosos do Estado do Acre. Na sociedade Kaxinawá, tradicionalmente há uma organização social que gira em torno de famílias extensas sendo que a liderança e o Pajé, AIS (Agente Indígena em saúde), AISAN (Agente Indígena em Saneamento Básico), Professor, Parteira, Artesã, AAFI (agente Agroflorestal Indígenas), os idosos e as idosas as mulheres e as crianças homens são que conduzem as comunidades.

A Terra é de uso coletivo e as famílias chefiadas pelos homens, fazem seus roçados utilizando os espaços disponíveis para o plantio. Nossa cultura é riquíssima e bastante preservada até hoje, através da nossa língua Hatxa Kui (língua verdadeira) e das inúmeras cantigas e histórias de nosso povo, além da tecelagem, miçangas, cerâmica, etc.

Nossas histórias assim como a de outros povos indígenas desta região, foram marcadas por um tempo muito difícil com a chegada dos não índios que vieram explorar as riquezas de nossas terras e nos submeteram os verdadeiros massacres durante as “correrias”, na época dos seringais.
A Terra Indígena colônia 27 começou a ser formada no ano de 1972, com a chegada de três famílias Kaxinawá que vieram de outras regiões do Estado em busca de melhores condições de vida. O então prefeito de Tarauacá nessa época doou um pedaço de Terra nas margens do igarapé 27 (chamado de Pinuyá pelos Kaxinawá) e ali foi fundada a aldeia Pinuyá. Nesta ocasião o local ainda possuía grande porcentagem de cobertura florestal, mas já havia sido feita a exploração de todas as madeiras de lei na região pelo próprio prefeito, inclusive no local que viria a se tornar Terra Indígena.   

Após muitos anos de luta para o reconhecimento da Terra, em 30 de outubro de 1991, a Terra Indígena colônia 27 foi demarcada e homologada com 105 hectares de extensão. No ano de 2002, mais 200 hectares foram comprados pelo Excelentíssimo Governador do Estado do Acre e acrescidos ao território com medida mitigadora, através do Plano de Mitigação da BR 364. No entanto, essas novas terras são ocupadas por pastagens, assim como todo o entorno da Terra Indígena. Atualmente, esta é a menor Terra Indígena do Estado do Acre, com apenas 305 hectares de extensão, localizada a 5 (cinco) quilômetros e 100 (cem) metros da sede do município de Tarauacá, na área de impacto direto da BR 364, no trecho que liga Tarauacá e Cruzeiro do Sul.


A comunidade conta hoje com 23 casas, 23 famílias e 139 habitantes, o que resulta numa distribuição de 2,32 hectares por habitantes, uma relação bastante baixa em se tratado de uma Terra Indígena, que tradicionalmente vive de extração de recursos naturais e da produção de seus roçados. Possuímos uma Escola com ensino diferenciado e Bilíngüe de 1° a 4° série. Também temos dois professores indígenas, AIS (agente de saúde indígena), parteira, pajé, artesã, estudantes, AISAN (Agente Indígena em Saneamento Básico) e AAFI (Agente Agroflorestal Indígena), que vem recebendo formação pela (ONG) Comissão Pró-índio do Acre, para atuar na gestão ambiental, territorial em atividades como: implantação de SAF’s, enriquecimento dos roçados e quintais tradicionais, fiscalização da Terra indígena colônia 27, e entorno do plano de uso dos recursos naturais e Educação Ambiental.

Na base de nossa economia é a agricultura familiares, piscicultura, artesanato, avicultura e eventualmente todos os 139 habitantes sobrevive diária nessa pequena terra. O acesso para a Terra Indígena colônia 27, se dá através do Ramal Epitácio pessoa. São 5 (cinco) quilômetro e 100 (cem) metros de Ramal da BR 364,  até chegar a Terra Indígena  Colônia 27. A Terra Indígena Colônia 27 tem, sérios problemas ambientais, esta situada apenas cinco quilômetros e cem metros da cidade de Tarauacá, esta afetada diretamente na  área de impacto do asfaltamento da BR 364, no trecho que liga Tarauacá a Cruzeiro do Sul.

Os problemas ambientais começaram antes da chegada dos Kaxinawá (na década de 70), pois apesar de ainda existir cobertura florestal, havia sido feita a retirada de toda a madeira de lei da região. Atualmente, 70% da terra indígena são ocupadas por pastagens e todos os seus entorno é ocupado, por grandes fazendas de criação de gado, tornando a região extremamente degradada e praticamente sem nenhuma cobertura florestal. Apenas 30% do território indígena possuem mata bruta (primária) e a ausência de floresta traz diversas conseqüências negativas para nos Huni Kui, que vivemos principalmente com problemas relacionados à segurança alimentar, pois tanto a caça como outros produtos florestais são escassos. Além disso, a comunidade sofre com a falta de recursos, madeiras  de lei, madeira branca, palmeiras etc.. Para a construção e cobertura das casas.

A escassez de água era um grave problema, pois não existe nenhum rio dentro da Terra Indígena, só existe o igarapé Pinuyá, que e a principal fonte de água no local, não era capaz de abastecer toda a comunidade nos meses de verão tivemos muito problemas. Por isso, acreditamos que devemos fazer a recuperação da mata ciliar e das áreas degradadas. Já resolvemos os problemas de desmatamento, queimada de qualquer jeito e degradação da Terra Indígena colônia 27. A Terra Indígena 27 possui apenas 305 hectares de extensão e a pressão sobre os Recursos naturais para a sobrevivência de 26 famílias nesse território são extremamente altos.

O principal problema que enfrentamos é que 70% da Terra indígena são ocupadas por pastagens e todo o seu entorno é ocupado por grandes fazendas de criação de gado, tornando a região extremamente degradada e praticamente sem nenhuma cobertura florestal. As 200 hectares que foram comprados pelo Governo do Estado em 2002 e acrescido ao território indígena, nós já estamos recuperando quase 50%, de todas as áreas degradadas com espécies nativas de alto valor de uso pelos kaxinawá (frutos, palmeiras, madeiras, etc, para construção), servirá de alimentos e atrativos para a fauna e peixes cultivados em açudes da aldeia 27.

As 305 hectares da Terra Indígena Colônia 27, representa o menor território indígena do Estado do Acre, estando totalmente cercada por área ambientalmente degradada especialmente por fazenda. A Terra Indígena colônia 27 esta na área de impacto da BR 364, e todas as partes de seu território foram degradadas pela ação dos não-índios. Estes fatores somados ao aumento da população local têm causado grande pressão sobre os recursos naturais e dificuldade o sustento das famílias Kaxinawá. Diante das dificuldades especialmente a reduzida disponibilidades de terras a comunidade se organizou e tem realizado uma series de atividades para a segurança alimentar, recuperação das áreas degradadas e enriquecimento ambiental da Terra Indígena. Através de diversas iniciativas anteriores ao projeto que contaram com várias parcerias, nos Kaxinawá da colônia 27 implantamos sistemas agro-florestais, construímos açudes, implementamos piscicultura criação de pequenos animais.

O projeto de Recuperação de área Degradadas na terra indígena colônia 27, iniciado  pelos Huni Kui apoiado pelo PDPI (Projetos Demonstrativo dos Povos Indígenas),  e executado pela OAKAT27 (Organização dos Agricultores Kaxinawá na Terra Indígena Colônia 27), esta voltada basicamente para atividades de gestão e valorização ambiental, através de 52 hectares (2 por famílias) com construção de viveiros, produção de mudas (frutíferas e Florestal) e a implantação de sistemas agro-florestal contaram com apoio técnico do Governo do Estado do Acre e da AMAAIAC (Associação dos Agentes Agroflorestal Indígenas do Acre).

Nos Kaxinawá da colônia 27 indicamos vários resultados positivos dos projetos de fortalecimento da articulação entre as famílias da comunidade, grande aumento das áreas plantadas e da produção agrícola. Aquisição de novos conhecimentos e divulgação dos trabalhos e como desenvolver uma sustentabilidade melhor da comunidade Huni Kui da aldeia 27. Nós Kaxinawá trabalham onde há poucos recursos, mas mesmo assim vivemos felizes, aproveitando cada pedaço de chão, somos pessoas simples, porém acolhedoras.


Téc. Florestal: Ramalho Martins


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